REVISTA – ELE ELA

Acupuntura – Uma arma contra a impotência e a frigidez

No verão do topless e do nudismo, é impossível não pensar em sexo. Mas para aqueles que, por algum motivo, temem fracassar e dar aquela broxada diante de um mulherão fenomenal. Calma! Não é preciso arrancar os cabelos. Médicos, em todo o mundo, estão utilizando a terapia das agulhas para curar problemas sexuais. Os resultados obtidos até agora são surpreendentes e quase sempre definitivos. E não é só isso. A acupuntura também ajuda na cura da frigidez.

Dizem que o brasileiro só pensa em sexo. Mas, segundo o presidente da Associação Brasileira de Acupuntura/RJ, Márcio de Luna, desde que o mundo é mundo, os chineses, assim como os indianos, sempre foram os grandes amantes. E para ilustrar sua afirmação, o acupunturista conta que quando o chinês declara amizade por uma mulher, ele diz: “Eu gosto de você de todo o coração.” Mas se o seu interesse invadir o campo erótico, ele dirá assim: “Eu gosto de você de todo o coração e do fígado também.” Conforme Luna, na técnica milenar, os órgãos vitais, como os rins e o fígado, estão ligados à sexualidade.

O exemplo do médico serve para explicar a origem do tratamento feito com agulhas contra a impotência e a frigidez feminina, que vem ganhando cada vez mais adeptos no Brasil.

“A acupuntura pode resolver de fato casos de impotência. Posso dizer que tenho vários pacientes que, depois de longo tempo sem ereção, durante as primeiras sessões de tratamento começaram a ter contatos sexuais. E isso é muito importante.”

Mas até que ponto a acupuntura pode realmente curar a impotência masculina? A resposta vem do próprio Luna. “Trabalho com acupuntura, há 16 anos, e posso afirmar que de cada dez pacientes que atendo, sete saem curados.”

Introduzida no Brasil pelas mãos do professor Friedrich Spaeth, morto em 1990, de quem Luna foi aluno, a acupuntura parte do princípio de que é o fluir livre de energia pelos meridianos que traz saúde ao corpo e à mente. É uma maneira de ver e conceber o funcionamento do organismo e da psique humana. “Trato meus pacientes a partir de meridianos, linhas demarcadas há milhares de anos e que percorrem todo o nosso corpo. São verdadeiras linhas de fluxo de energia vital. No caso de impotência, os meridianos que circulam no aparelho sexual são os mesmo que regulam o equilíbrio dos rins, do fígado e do pâncreas, este último afetado diretamente pelo diabetes.”

Ainda segundo ele, é o fluir livre da energia dos meridianos que traz a saúde ao corpo e à mente. “Alcançamos assim o equilíbrio entre as duas forças que regem o universo – o Yin e o Yang, o negativo e o positivo. Esse é o princípio básico, não só da acupuntura, mas de toda a medicina oriental.”

Ervas e agulhas

O tratamento contra a impotência e a frigidez feminina, feito por Márcio de Luna, em seu consultório, em Copacabana, no Rio, combina ervas com agulhas. Baseando-se em exames do cabelo realizado em laboratório dos Estados Unidos, Luna traça o quadro clínico do paciente. “Através dele dá para saber se há deficiência ou não de cálcio, magnésio e fósforo, minerais que aumentam a circulação no pênis.”

“Uma vez feito o exame, partimos para as sessões de acupuntura, onde trabalho o meridiano da sexualidade, que começa ao lado do mamilo, passa pelo ombro e desce pelo braço e antebraço (face interna), indo até a palma da mão, e terminando no ângulo ungueal interno do dedo médio. Além das sessões, meus pacientes também fazem uso da Kangweilin, erva importada da China, que chega até meus pacientes em forma de bolinhas. Já para as mulheres, além das sessões utilizo a Dang Giu. Essa erva é o tônico da mulher e faz tanto bem quanto o ginseng para os homens”, enfatiza Luna.

Segundo ele, com o tratamento, a libido aumenta gradativamente, e os encontros sexuais tornam-se mais frequentes. “Atualmente trato um paciente, de 67 anos, que usava injeções para obter ereções e, mesmo assim, sem muito sucesso. Começamos o tratamento e em menos de três meses, ele começou a reduzir o número de injeções. Passado mais um tempinho, ele conseguiu acordar com um ereção e isso é sinal de potência.”

Ma devagar com o andor. Não é possível fazer de um homem de 60 um rapaz de 18. Por outro lado, é certo que a auto-sugestão do tipo “agora eu posso me curar” já é um bom começo para o tratamento. Contudo, lembra Luna, ela por si só não resolve. Muita vezes até atrapalha, pois o paciente se coloca num estado de imensa ansiedade, esperando que o milagre se concretize de uma hora para outra, quando sempre leva algum tempo para que as agulhas rompam o bloqueio psicológico e exerçam a sua função. “Não quero dar esperanças absurdas, mas a acupuntura pode resolver de fato casos de impotência, desde que não haja um lesão no órgão sexual. Ou seja, se houver uma destruição da estrutura nobre do pênis, é necessário um tratamento específico com o urologista para se chegar a um resultado positivo”, afirma.

A técnica da moxa

A moxa é uma técnica que consiste em aquecer os pontos de acupuntura pelo queima de ervas, a finalidade de esquentar o sangue dos canais de energias principais e secundárias, para que se aumente o yang Qi, a energia responsável pelas atividades energéticas do corpo.

A aplicação de moxa tem duas finalidades básicas: a de aquecer o Qi e o sangue, para o tratamento das doenças provocadas pelo frio e a de evitar a penetração deste quando o Qi vital enfraquece, como acontece em pessoas acima de 40 anos. A erva utilizada, mas frequentemente, é a artemísia seca (Artemisia vulgaris).

Para a aplicação da moxa existem duas técnicas básicas: a direta e a indireta. Tradicionalmente utilizava-se, em que a moxa queima diretamente sobre a pele nos pontos de acupuntura, mas, devido aos inconvenientes desse método (cicatrizes irreversíveis, devido a queimaduras), atualmente, a forma indireta é a mais frequente.

Neste último, uma rodela de gengibre, de alho, ou de outro produto é interposta entre a pele e a moxa. A substância colocada tem também propriedades medicinais e um ação coadjuvante e sinérgica com a moxa, e também podem-se utilizar bastões de artemísia como método indireto. Tudo para melhor desempenho na cama.

Extraída da revista Ele Ela, ano 367,  março de 2000, páginas 86 à 89.